quinta-feira, 13 de maio de 2010

Papa em Portugal: 13 de Maio dia da Virgem de Fátima

"Aquela Luz no íntimo dos Pastorinhos, que provém do futuro de Deus, é a mesma que se manifestou na plenitude dos tempos e veio para todos: o Filho de Deus feito homem. Que Ele tem poder para incendiar os corações mais frios e tristes, vemo-lo nos discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 32). Por isso a nossa esperança tem fundamento real, apoia-se num acontecimento que se coloca na história e ao mesmo tempo excede-a: é Jesus de Nazaré", disse Bento XVI na homilia da Solenidade da Bem-Aventurada Virgem Maria de Fátima.

A programação começou às 9h40min (em Portugal - 5h40min em Brasília) desta quinta-feira, 13, com uma solene procissão entre a Capelinha das Aparições e a Esplanada do Santuário, trajeto que o Pontífice percorreu a bordo do papamóvel.

Às 10h (em Portugal - 6h em Brasília), o Pontífice presidiu a Santa Missa em alusão às celebrações que marcam também o 10º aniversário da Beatificação de Jacinta e Francisco Marto, bem como o 5º aniversário da morte de Irmã Lúcia e o 100º aniversário do nascimento de Jacinta. O Bispo de Leiria-Fátima, Dom Antônio Marto, acolheu o Santo Padre e introduziu a Celebração Eucarística.

"Irmãs e irmãos muito amados, também eu vim como peregrino a Fátima. [...] Vim a Fátima porque hoje converge para aqui a Igreja peregrina, querida pelo seu Filho como instrumento de evangelização e sacramento de salvação. Vim a Fátima para rezar, com Maria e tantos peregrinos, pela nossa humanidade acabrunhada por misérias e sofrimentos", disse Bento XVI ao início da homilia.

O Papa confiou os sacerdotes à proteção de Maria: "Vim a Fátima para confiar a Nossa Senhora a confissão íntima de que 'amo', de que a Igreja, de que os sacerdotes 'amam' Jesus e n’Ele desejam manter fixos os olhos ao terminar este Ano Sacerdotal, e para confiar à proteção materna de Maria os sacerdotes, os consagrados e consagradas, os missionários e todos os obreiros do bem que tornam acolhedora e benfazeja a Casa de Deus".


Visão interior

O Santo Padre exclamou um grande "Sim" à certeza de que o Senhor caminha com o seu Povo, indicando como prova o lugar bendito de Fátima, que daqui a sete anos dará lugar às celebrações do centenário da primeira aparição de Nossa Senhora aos três Pastorinhos.

"Sim! O Senhor, a nossa grande esperança, está conosco; no seu amor misericordioso, oferece um futuro ao seu povo: um futuro de comunhão consigo".

Àqueles que, mediante a experiência mística das três crianças portuguesas, olham-nas com um pouco de inveja ou resignação por não terem visto, Bento XVI indicou que Deus pode nos alcançar através da visão interior:

"A tais pessoas, o Papa diz como Jesus: 'Não andareis vós enganadas, ignorando as Escrituras e o poder de Deus?' (Mc 12, 24). As Escrituras convidam-nos a crer: 'Felizes os que acreditam sem terem visto' (Jo 20, 29), mas Deus – mais íntimo a mim mesmo de quanto o seja eu próprio (cf. Santo Agostinho, Confissões, III, 6, 11) – tem o poder de chegar até nós nomeadamente através dos sentidos interiores, de modo que a alma recebe o toque suave de algo real que está para além do sensível, tornando-a capaz de alcançar o não-sensível, o não-visível aos sentidos. Para isso, exige-se uma vigilância interior do coração que, na maior parte do tempo, não possuímos por causa da forte pressão das realidades externas e das imagens e preocupações que enchem a alma (cf. Cardeal Joseph Ratzinger, Comentário teológico da Mensagem de Fátima, ano 2000). Sim! Deus pode alcançar-nos, oferecendo-Se à nossa visão interior".

Nesse sentido, o Sucessor de Pedro perguntou: "Mas quem tem tempo para escutar a sua palavra e deixar-se fascinar pelo seu amor? Quem vela, na noite da dúvida e da incerteza, com o coração acordado em oração? Quem espera a aurora do dia novo, tendo acesa a chama da fé?", ao que indicou como resposta que "a fé em Deus abre ao homem o horizonte de uma esperança certa que não desilude; indica um sólido fundamento sobre o qual apoiar, sem medo, a própria vida; pede o abandono, cheio de confiança, nas mãos do Amor que sustenta o mundo".

O Povo de Deus é abençoado por uma esperança inabalável, que se sacrifica pelos outros, mas não sacrifica os outros, afirmou.

Com relação ao sentido das aparições de Nossa Senhora em Portugal, Bento XVI disse: "Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída. [...] Com a família humana pronta a sacrificar os seus laços mais sagrados no altar de mesquinhos egoísmos de nação, raça, ideologia, grupo, indivíduo, veio do Céu a nossa bendita Mãe oferecendo-Se para transplantar no coração de quantos se Lhe entregam o Amor de Deus que arde no seu. Então eram só três, cujo exemplo de vida irradiou e se multiplicou em grupos sem conta por toda a superfície da terra, nomeadamente à passagem da Virgem Peregrina, que se votaram à causa da solidariedade fraterna. Possam os sete anos que nos separam do centenário das Aparições apressar o anunciado triunfo do Coração Imaculado de Maria para glória da Santíssima Trindade".

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