terça-feira, 13 de abril de 2010

Dízimo

Recebemos hoje no Propedêutico, o Pe Cristovam Iubel, da diocese de Guarapuava no Paraná. Durante esta semana ele está em nossa Diocese para fazer palestras e tirar dúvidas sobre o dízimo.
Começou dizendo que não pretendia fazer exatamente uma palestra, mas ter conosco uma conversa para apresentar a realidade do dízimo no Brasil e na história da Igreja. Relembrou-nos como no judaísmo o dízimo era uma questão jurídica, fixada pela Lei Mosaica em que havia a obrigação de pagar (essa é de fato a palavra) para manter o culto divino e a tribo de Levi, responsável pelo culto - além de suprir os necessitados (órfãos, viúvas e estrangeiros).

"Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e possuíam tudo em comum. (At 2, 44)"
Com o surgimento do Cristianismo, já não era mais necessária a prática do dízimo, uma vez que os cristãos tinham tudo em comum, e eram todos então responsáveis pelo sustento do culto e pelo exercício da caridade.
Infelizmente, as pessoas não são perfeitas e conforme o cristianismo foi crescendo a realidade do "tudo em comum" foi desaparecendo. Já no próprio livro dos Atos (5, 1-11) encontramos o caso de Ananias e Safira que venderam sua propriedade, mas quiseram guardar para si uma parte do dinheiro, da mesma forma começaram outros e já não era mais possível continuar como fora até então. Surgem como recurso as ofertas na Santa Missa, não com dinheiro como acontece hoje, mas com bens (frutos, pães, verduras, etc).
No século IV, os Padres da Igreja voltavam a falar da necessidade do dízimo e ele foi reassumido, agora como lei religiosa e civil, isto é, era pago para o governo que o repassava à Igreja, como um imposto.Essa forma acaba por fracassar nos anos 800 a 900 e a partir do ano 1000 começa-se a cobrar taxas e espórtulas pelas celebrações e pela administração dos sacramentos, como aconteceu no Brasil até pouco tempo. Após a contra reforma, houve uma nova tentativa de implantar o dízimo como obrigação civil, mas essa também fracassou - apesar de deixar vestígios, como nos contou o Pe Cristovam, ainda hoje na Alemanha o Dízimo é declarado no Imposto de Renda.

No Brasil, em 1969 os padres se dirigiram aos Bispos sugerindo o retorno do Dízimo em lugar das taxas e espórtulas, que davam à prática religiosa uma imagem de relação comercial e acabavam por distanciar o povo dos sacramentos. De 1969 até 1974 os Bispos estudaram como se daria essa mudança e no mesmo ano publicaram o Estudo nº 8 da CNBB - "Pastoral do Dízimo". Aconselhavam que a mudança fosse feita de forma gradual, que as taxas fossem abolidas a medida que aumentasse a contribuição do Dízimo, mantendo-se sempre na Missa as ofertas espontâneas.

Depois de relatar esse processo que partiu do Antigo Testamento e chegou até os dias de hoje, reforçou alguns pontos:
*Como reafirma a Campanha da Fraternidade 2010 - "Não podemos servir a Deus e ao dinheiro", também o Dízimo deve ser um meio e não um fim, deve estar a serviço da evangelização e não ser o motivo dela.
*A CNBB não fixa nenhum percentual para o Dízimo (apesar de comumente se falar em 10%), pois a contribuição deve partir de uma conscientização e de uma generosidade pessoal.
*A finalidade do Dízimo é a Evangelização, em suas dimensões: Religiosa (culto e celebração), Social (assistência e promoção) e Missionária.

Por fim, o Pe Cristovam Iubel rezou conosco a Hora Média e foi com o Pe Juarês para o Seminário Nossa Senhora Aparecida.

Chegando no Seminário de Nossa Senhora Aparecida, o Pe. Cristovam, almoçou com todos os seminaristas e no meio da tarde também como na casa propedêutica, falou um pouco de sua experiência
com a pastoral do dizímo no Brasil, falou também da realidade de Dizímo ao longo dos tempos da Igreja. No final da exposição sobre DIZÍMO, celebramos a Eucaristia com muita alegria!
























Padre Cristovam, ficará em nossa Diocese, até a noite de domingo ainda terá dois importantes encontros, um na quinta de manha com o clero, e depois no sábado com os coordenadores paroquiais do dizímo em nossa diocese.

Aqui também colocamos o link do site da editora do Pe. Cristovam onde podem encontrar todo o material de formação.
O nosso muito obrigado pelo carinho e atenção dedicado a nós seminaristas da Diocese de Campo Limpo, trazendo informações importantes para nossa formação, que O Senhor o Nosso Deus, possa abençoar muito o vosso ministério e serviço para com a pastoral do Dizímo!

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