Neste mês, no Propedêutico, cantamos parabéns para:
Filipe, da Paróquia Santuário São José Operário, que completou mais um ano de vida no dia 10
Wallace, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida - Monte Kemel, que fez aniversário no dia 27, mas cortou seu bolo no dia 26, sexta-feira.
Aos dois desejamos muitas felicidades e graças em suas vidas e sobretudo nessa caminhada de formação. Que o Senhor os acompanhe sempre e os ilumine a cada passo. Parabéns!
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Que juízo fazer sobre as recentes declarações do Papa a respeito dos preservativos?
Que juízo fazer sobre as recentes declarações do Papa a respeito dos preservativos?
Por: Gian Paulo Ruzzi.
No dia 20 de novembro vários veículos de comunicação publicaram manchetes bombásticas do tipo “Uso de preservativo pode ser justificado, diz Papa”; “Papa diz aceitar uso de preservativo 'em certos casos'”; “Papa admite pela primeira vez uso da camisinha 'em certos casos'”; etc. Naturalmente, as supostas alegações do Sumo Pontífice suscitaram as mais calorosas e contraditórias reações e, como costuma acontecer quando se trata de declarações do Papa, poucas pessoas realmente se dão trabalho de ler o que de fato foi dito.
A polêmica partiu de extratos do livro-entrevista Light of the World: The Pope, the Church and the Signs of the Times (Luz do Mundo: O Papa, a Igreja e os Sinais do Tempo), que será lançado dia 23 na Alemanha, com o jornalista Peter Seewald. O autor tem ainda em seu currículo outros dois volumes de entrevistas com o então Card. Ratzinger: ‘Sal da Terra’ e ‘Deus e o mundo’ de 1997 e 2001, respectivamente.
Deixo a seguir o trecho em questão disponível no site Fratres in Unun. Em seguida, apesar de minhas limitações, farei algumas reflexões e esclarecimentos que me parecem convenientes. Desde já peço perdão pelas falhas no Português e, eventualmente, alguma inconsistência na teologia.
“Em África, Vossa Santidade afirmou que a doutrina tradicional da Igreja tinha revelado ser o caminho mais seguro para conter a propagação da SIDA/AIDS. Os críticos, provenientes também da Igreja, dizem, pelo contrário, que é uma loucura proibir a utilização de preservativos a uma população ameaçada pela SIDA/AIDS.”
«Em termos jornalísticos, a viagem a África foi totalmente ofuscada por uma única frase. Perguntaram-me porque é que, no domínio da SIDA/AIDS, a Igreja Católica assume uma posição irrealista e sem efeito – uma pergunta que considerei realmente provocatória, porque ela faz mais do que todos os outros. E mantenho o que disse. Faz mais porque é a única instituição que está muito próxima e muito concretamente junto das pessoas, agindo preventivamente, educando, ajudando, aconselhando, acompanhando. Faz mais porque trata como mais ninguém tantos doentes com sida e, em especial, crianças doentes com sida. Pude visitar uma dessas unidades hospitalares e falar com os doentes.
Essa foi a verdadeira resposta: a Igreja faz mais do que os outros porque não se limita a falar da tribuna que é o jornal, mas ajuda as irmãs e os irmãos no terreno. Não tinha, nesse contexto, dado a minha opinião em geral quanto à questão dos preservativos, mas apenas dito – e foi isso que provocou um grande escândalo – que não se pode resolver o problema com a distribuição de preservativos. É preciso fazer muito mais. Temos de estar próximos das pessoas, orientá-las, ajudá-las; e isso quer antes, quer depois de uma doença.
Efectivamente, acontece que, onde quer que alguém queira obter preservativos, eles existem. Só que isso, por si só, não resolve o assunto. Tem de se fazer mais. Desenvolveu-se entretanto, precisamente no domínio secular, a chamada teoria ABC, que defende “Abstinence – Be faithful – Condom” (“Abstinência – Fidelidade – Preservativo”), sendo que o preservativo só deve ser entendido como uma alternativa quando os outros dois não resultam. Ou seja, a mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias. É por isso que o combate contra a banalização da sexualidade também faz parte da luta para que ela seja valorizada positivamente e o seu efeito positivo se possa desenvolver no todo do ser pessoa.
Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por VIH/HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade.»
“Quer isso dizer que, em princípio, a Igreja Católica não é contra a utilização de preservativos?”
«É evidente que ela não a considera uma solução verdadeira e moral. Num ou noutro caso, embora seja utilizado para diminuir o risco de contágio, o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana.»
Antes de entrar na problemática da declaração em si, gostaria de salientar algo muito importante: O TEXTO EM QUESTÃO DO SANTO PADRE NÃO CONSTITUI UMA DECLARAÇÃO MAGISTERIEL, PORTANTO NÃO É DOTADA DA PRERROGATIVA DE INFABILIDADE. Trata-se simplesmente de uma opinião pessoal do Papa. Aliás, a ideia destes livros de Peter Seewald é justamente dar a conhecer o pensamento de Joseph Ratzinger ao público em geral. A natureza do conteúdo destes escritos, ou mesmo das publicações do Papa como teólogo, é completamente distinta de uma posição oficial da Igreja, mais ainda de uma declaração dogmática.
Entretanto, o que foi exposto por Bento XVI é fruto de uma profunda reflexão sobre o tema. Pessoas de boa fé, principalmente quem se diz católico, devem evitar juízos temerários e procurar conhecer as motivações do Papa e a lógica interna de seu pensamento.
Faço um parêntesis para manifestar minha profunda decepção com comentários que li em sites de pessoas pretensamente católicas. Muitos deles, até o dia 19 de novembro, viam no Papa Bento a resposta de suas súplicas ao Divino Pai Eterno. Acaso ser fiel à Tradição significa adular o Sucessor de Pedro enquanto ele concorda com minhas convicções e rechaçá-lo ou criticá-lo sem um mínimo de caridade quando alguma coisa escapa ao meu entendimento ou ultrapassa o limite da minha inteligência – no caso, mera capacidade de interpretar textos?
Retomando. Em 2006 foi encaminhado para Congregação para a Doutrina da Fé um documento sobre o uso da camisinha na luta contra a AIDS. Este documento foi encomendado pelo próprio Bento XVI ao Card. Javier Lozano Barragán, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde. O texto não continha nenhuma reflexão moral ou teológica, apenas dados e estatísticas de ordem sanitária.
Em 2009, quando o Papa esteve na África, afirmou que a mera distribuição de preservativos não ajudaria a controlar a epidemia de AIDS naquele continente, pelo contrário, poderia agravar o problema. De fato, é plausível afirmar que os métodos anticoncepcionais e, mais tarde, os preventores das DST são, provavelmente, o principal catalizador da revolução sexual de meados dos anos 1960 e início dos anos 1970. Enfim, a percepção do Santo Padre é que distribuir preservativos, dentro de um contexto sociocultural que desvincula o binómio sexo-amor, ou seja, sexo-responsabilidade pelo outro, pode incentivar um comportamento sexual irresponsável. Segundo suas palavras: “a mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias”.
Na época, o Papa foi massacrado por todos os lados simplesmente por dizer o óbvio: somente distribuir camisinhas não resolve o problema da AIDS! Hans Küng, oportunista e rancoroso como sempre, chegou a dizer que Bento XVI ficará na história como um dos responsáveis pela propagação da AIDS na África e morte de milhões de pessoas.
Entrando no problema propriamente dito: a resposta da segunda pergunta de Peter Seewald, ou seja, de que “é evidente que ela não a considera – a utilização de preservativos – uma solução verdadeira e moral” deixa bastante claro que, da parte do Papa, não existe nenhuma mudança no juízo moral que a Igreja faz tanto dos anticoncepcionais como dos preservativos. O padre Federico Lombardi S.J., diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, esclarece: “o Papa não reforma ou muda o ensinamento da Igreja, mas o reafirma, colocando-se na perspectiva do valor e da dignidade da sexualidade humana, como expressão de amor e responsabilidade”.
Os princípios postos por Paulo VI na Humanae Vitae têm validade perene: “É de excluir (...), como o Magistério da Igreja repetidamente declarou, a esterilização direta, quer perpétua quer temporária, tanto do homem como da mulher. É, ainda, de excluir toda a ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação” (HV 14).
A grande confusão que muitos fazem, por limitação ou por malícia, é falsear o discurso do Magistério de modo que pareça com algo semelhante a ‘faça sexo, apenas não use camisinha, por que camisinha é pecado’. Ora essa! Quem reduz o ato sexual à sua dimensão unitiva reduze-o, na verdade, à dimensão meramente egoística e já vive à margem da compreensão que a Igreja tem da sexualidade humana!
A proibição Magisterial do uso de anticoncepcionais é derivada – ou seja, secundária – da antropologia cristã que não identifica sexualidade apenas com genitalidade, mas a entende como elemento constitutivo da identidade da pessoa, como complementariedade e comunhão, como amor fecundo e abertura à vida.
Alguém poderia propor: quem não entende ou não concorda com estes princípios está dispensado da proibição em relação à anticoncepção? Um ‘raciocínio’ como este é simplesmente um atentado à razão humana! Quem rejeita o antecedente, rejeita também o consequente! Quem rejeita de forma contumaz os princípios fundamentais da moral sexual cristã já se auto exclui, ao menos parcialmente, da comunhão de fé da Igreja – note-se bem que eu não disse exclusão da Igreja.
Mas, e a justificativa que o Papa enxerga em casos como os de prostitutas, como entender? Não se trata aqui de uma exceção à regra. Quem se prostitui, independentemente de grau de culpabilidade que tenha, já não vive – como é evidente de se notar – o que o católico entende por sexualidade plenamente humana.
A declaração de Bento XVI se fundamenta em um princípio geral da moral: “um mal que realmente está aí não se pode combater à custa de uma desgraça ainda maior” (DZ 4453). O que poderá estar em jogo no intercâmbio sexual com garotas ou garotos de programa – além da real dimensão da sexualidade que já está comprometida pelo ato em si – será a vida de ambas as pessoas.
A afirmação do Papa é uma questão de bom senso! Entretanto, sua genialidade e magnanimidade conseguem vislumbrar ainda a possibilidade de “um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer”.
Quem interpreta as palavras do Santo Padre como uma possível revisão da moral da Igreja – tanto os que veem algo de positivo em qualquer mudança nesse sentido, como Michel Sidibé, diretor do programa Unaids criado pela ONU para combater a propagação do vírus da AIDS, que celebra de modo claramente provocativo a colocação do Papa, como seus críticos fariseus que arrotam tradição sem entender a autenticidade da Tradição da Igreja – deixam transparecer seus preconceitos e ignorância sobre o verdadeiro sentido da Moral e da Fé, que é O Amor, que é Deus.
Sem. Gian Paulo Ruzzi.
Por: Gian Paulo Ruzzi.
No dia 20 de novembro vários veículos de comunicação publicaram manchetes bombásticas do tipo “Uso de preservativo pode ser justificado, diz Papa”; “Papa diz aceitar uso de preservativo 'em certos casos'”; “Papa admite pela primeira vez uso da camisinha 'em certos casos'”; etc. Naturalmente, as supostas alegações do Sumo Pontífice suscitaram as mais calorosas e contraditórias reações e, como costuma acontecer quando se trata de declarações do Papa, poucas pessoas realmente se dão trabalho de ler o que de fato foi dito.
A polêmica partiu de extratos do livro-entrevista Light of the World: The Pope, the Church and the Signs of the Times (Luz do Mundo: O Papa, a Igreja e os Sinais do Tempo), que será lançado dia 23 na Alemanha, com o jornalista Peter Seewald. O autor tem ainda em seu currículo outros dois volumes de entrevistas com o então Card. Ratzinger: ‘Sal da Terra’ e ‘Deus e o mundo’ de 1997 e 2001, respectivamente.
Deixo a seguir o trecho em questão disponível no site Fratres in Unun. Em seguida, apesar de minhas limitações, farei algumas reflexões e esclarecimentos que me parecem convenientes. Desde já peço perdão pelas falhas no Português e, eventualmente, alguma inconsistência na teologia.
“Em África, Vossa Santidade afirmou que a doutrina tradicional da Igreja tinha revelado ser o caminho mais seguro para conter a propagação da SIDA/AIDS. Os críticos, provenientes também da Igreja, dizem, pelo contrário, que é uma loucura proibir a utilização de preservativos a uma população ameaçada pela SIDA/AIDS.”
«Em termos jornalísticos, a viagem a África foi totalmente ofuscada por uma única frase. Perguntaram-me porque é que, no domínio da SIDA/AIDS, a Igreja Católica assume uma posição irrealista e sem efeito – uma pergunta que considerei realmente provocatória, porque ela faz mais do que todos os outros. E mantenho o que disse. Faz mais porque é a única instituição que está muito próxima e muito concretamente junto das pessoas, agindo preventivamente, educando, ajudando, aconselhando, acompanhando. Faz mais porque trata como mais ninguém tantos doentes com sida e, em especial, crianças doentes com sida. Pude visitar uma dessas unidades hospitalares e falar com os doentes.
Essa foi a verdadeira resposta: a Igreja faz mais do que os outros porque não se limita a falar da tribuna que é o jornal, mas ajuda as irmãs e os irmãos no terreno. Não tinha, nesse contexto, dado a minha opinião em geral quanto à questão dos preservativos, mas apenas dito – e foi isso que provocou um grande escândalo – que não se pode resolver o problema com a distribuição de preservativos. É preciso fazer muito mais. Temos de estar próximos das pessoas, orientá-las, ajudá-las; e isso quer antes, quer depois de uma doença.
Efectivamente, acontece que, onde quer que alguém queira obter preservativos, eles existem. Só que isso, por si só, não resolve o assunto. Tem de se fazer mais. Desenvolveu-se entretanto, precisamente no domínio secular, a chamada teoria ABC, que defende “Abstinence – Be faithful – Condom” (“Abstinência – Fidelidade – Preservativo”), sendo que o preservativo só deve ser entendido como uma alternativa quando os outros dois não resultam. Ou seja, a mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias. É por isso que o combate contra a banalização da sexualidade também faz parte da luta para que ela seja valorizada positivamente e o seu efeito positivo se possa desenvolver no todo do ser pessoa.
Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por VIH/HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade.»
“Quer isso dizer que, em princípio, a Igreja Católica não é contra a utilização de preservativos?”
«É evidente que ela não a considera uma solução verdadeira e moral. Num ou noutro caso, embora seja utilizado para diminuir o risco de contágio, o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana.»
Antes de entrar na problemática da declaração em si, gostaria de salientar algo muito importante: O TEXTO EM QUESTÃO DO SANTO PADRE NÃO CONSTITUI UMA DECLARAÇÃO MAGISTERIEL, PORTANTO NÃO É DOTADA DA PRERROGATIVA DE INFABILIDADE. Trata-se simplesmente de uma opinião pessoal do Papa. Aliás, a ideia destes livros de Peter Seewald é justamente dar a conhecer o pensamento de Joseph Ratzinger ao público em geral. A natureza do conteúdo destes escritos, ou mesmo das publicações do Papa como teólogo, é completamente distinta de uma posição oficial da Igreja, mais ainda de uma declaração dogmática.
Entretanto, o que foi exposto por Bento XVI é fruto de uma profunda reflexão sobre o tema. Pessoas de boa fé, principalmente quem se diz católico, devem evitar juízos temerários e procurar conhecer as motivações do Papa e a lógica interna de seu pensamento.
Faço um parêntesis para manifestar minha profunda decepção com comentários que li em sites de pessoas pretensamente católicas. Muitos deles, até o dia 19 de novembro, viam no Papa Bento a resposta de suas súplicas ao Divino Pai Eterno. Acaso ser fiel à Tradição significa adular o Sucessor de Pedro enquanto ele concorda com minhas convicções e rechaçá-lo ou criticá-lo sem um mínimo de caridade quando alguma coisa escapa ao meu entendimento ou ultrapassa o limite da minha inteligência – no caso, mera capacidade de interpretar textos?
Retomando. Em 2006 foi encaminhado para Congregação para a Doutrina da Fé um documento sobre o uso da camisinha na luta contra a AIDS. Este documento foi encomendado pelo próprio Bento XVI ao Card. Javier Lozano Barragán, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde. O texto não continha nenhuma reflexão moral ou teológica, apenas dados e estatísticas de ordem sanitária.
Em 2009, quando o Papa esteve na África, afirmou que a mera distribuição de preservativos não ajudaria a controlar a epidemia de AIDS naquele continente, pelo contrário, poderia agravar o problema. De fato, é plausível afirmar que os métodos anticoncepcionais e, mais tarde, os preventores das DST são, provavelmente, o principal catalizador da revolução sexual de meados dos anos 1960 e início dos anos 1970. Enfim, a percepção do Santo Padre é que distribuir preservativos, dentro de um contexto sociocultural que desvincula o binómio sexo-amor, ou seja, sexo-responsabilidade pelo outro, pode incentivar um comportamento sexual irresponsável. Segundo suas palavras: “a mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias”.
Na época, o Papa foi massacrado por todos os lados simplesmente por dizer o óbvio: somente distribuir camisinhas não resolve o problema da AIDS! Hans Küng, oportunista e rancoroso como sempre, chegou a dizer que Bento XVI ficará na história como um dos responsáveis pela propagação da AIDS na África e morte de milhões de pessoas.
Entrando no problema propriamente dito: a resposta da segunda pergunta de Peter Seewald, ou seja, de que “é evidente que ela não a considera – a utilização de preservativos – uma solução verdadeira e moral” deixa bastante claro que, da parte do Papa, não existe nenhuma mudança no juízo moral que a Igreja faz tanto dos anticoncepcionais como dos preservativos. O padre Federico Lombardi S.J., diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, esclarece: “o Papa não reforma ou muda o ensinamento da Igreja, mas o reafirma, colocando-se na perspectiva do valor e da dignidade da sexualidade humana, como expressão de amor e responsabilidade”.
Os princípios postos por Paulo VI na Humanae Vitae têm validade perene: “É de excluir (...), como o Magistério da Igreja repetidamente declarou, a esterilização direta, quer perpétua quer temporária, tanto do homem como da mulher. É, ainda, de excluir toda a ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação” (HV 14).
A grande confusão que muitos fazem, por limitação ou por malícia, é falsear o discurso do Magistério de modo que pareça com algo semelhante a ‘faça sexo, apenas não use camisinha, por que camisinha é pecado’. Ora essa! Quem reduz o ato sexual à sua dimensão unitiva reduze-o, na verdade, à dimensão meramente egoística e já vive à margem da compreensão que a Igreja tem da sexualidade humana!
A proibição Magisterial do uso de anticoncepcionais é derivada – ou seja, secundária – da antropologia cristã que não identifica sexualidade apenas com genitalidade, mas a entende como elemento constitutivo da identidade da pessoa, como complementariedade e comunhão, como amor fecundo e abertura à vida.
Alguém poderia propor: quem não entende ou não concorda com estes princípios está dispensado da proibição em relação à anticoncepção? Um ‘raciocínio’ como este é simplesmente um atentado à razão humana! Quem rejeita o antecedente, rejeita também o consequente! Quem rejeita de forma contumaz os princípios fundamentais da moral sexual cristã já se auto exclui, ao menos parcialmente, da comunhão de fé da Igreja – note-se bem que eu não disse exclusão da Igreja.
Mas, e a justificativa que o Papa enxerga em casos como os de prostitutas, como entender? Não se trata aqui de uma exceção à regra. Quem se prostitui, independentemente de grau de culpabilidade que tenha, já não vive – como é evidente de se notar – o que o católico entende por sexualidade plenamente humana.
A declaração de Bento XVI se fundamenta em um princípio geral da moral: “um mal que realmente está aí não se pode combater à custa de uma desgraça ainda maior” (DZ 4453). O que poderá estar em jogo no intercâmbio sexual com garotas ou garotos de programa – além da real dimensão da sexualidade que já está comprometida pelo ato em si – será a vida de ambas as pessoas.
A afirmação do Papa é uma questão de bom senso! Entretanto, sua genialidade e magnanimidade conseguem vislumbrar ainda a possibilidade de “um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer”.
Quem interpreta as palavras do Santo Padre como uma possível revisão da moral da Igreja – tanto os que veem algo de positivo em qualquer mudança nesse sentido, como Michel Sidibé, diretor do programa Unaids criado pela ONU para combater a propagação do vírus da AIDS, que celebra de modo claramente provocativo a colocação do Papa, como seus críticos fariseus que arrotam tradição sem entender a autenticidade da Tradição da Igreja – deixam transparecer seus preconceitos e ignorância sobre o verdadeiro sentido da Moral e da Fé, que é O Amor, que é Deus.
Sem. Gian Paulo Ruzzi.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Missa no Propedêutico - Padre Roberto dos Santos
Recebemos na última semana a visita do Pe. Roberto dos Santos ("Padre Beto"), que além de administrador da Paróquia Santa Edwiges e São Miguel Arcanjo é, nesse ano, formador dos seminaristas Márcio do primeiro ano de filosofia e Jeferson que é propedeuta.
Celebrando ao meio-dia em nossa capela fez uma reflexão a respeito dos dons que o Senhor concede a cada um de nós, sobretudo o da vocação.
Devemos ser bons administradores dos bens que Deus nos confia, fazendo-os multiplicar e frutificar. Agradecendo o convite para estar conosco quis também conhecer-nos e saber como tem sido esse primeiro ano de nossa formação e nossas espectativas para o próximo ano.
Agradecemos ao Senhor pela vida e pelo ministério do Padre Roberto, e pedimos que o cumule sempre de bençãos e graças para ser verdadeiro pastor do povo que lhe é confiado em sua paróquia. Ao Pe. Beto agrademos a visita e a atenção que sempre teve para com cada um de nós. Muito obrigado!
Propedeuta Jeferson e Padre Roberto, seu primeiro formador
Celebrando ao meio-dia em nossa capela fez uma reflexão a respeito dos dons que o Senhor concede a cada um de nós, sobretudo o da vocação.
Devemos ser bons administradores dos bens que Deus nos confia, fazendo-os multiplicar e frutificar. Agradecendo o convite para estar conosco quis também conhecer-nos e saber como tem sido esse primeiro ano de nossa formação e nossas espectativas para o próximo ano.
Agradecemos ao Senhor pela vida e pelo ministério do Padre Roberto, e pedimos que o cumule sempre de bençãos e graças para ser verdadeiro pastor do povo que lhe é confiado em sua paróquia. Ao Pe. Beto agrademos a visita e a atenção que sempre teve para com cada um de nós. Muito obrigado!
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Semana de filosofia
Nós seminaristas do 1º e 2º ano de filosofia, durante os dias 13 a 15 de outubro, tivémos em nossa universidade UNIFAI a semana de filosofia com o tema: " FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA E CRISTIANISMO ".
Esses dias foram marcados com palestras, tanto na parte da manhã como a noite, onde todos os alunos puderam desfrutar das maravilhas que a filosofia tem para nos dar.
Nesta semana contamos com participação de três professores de outras instituições (PUC e USP), e com palestras de alguns dos nossos professores, e, principalmente, com a participação dos alunos, seja como assistente das palestras ou na participação nos debates.
No último da semana filosofia, contamos com a presença de nosso reitor (Pe. Juarês), e também pudemos ver a apresentação do coral de filosofia, com a participação de dois de nossos seminaristas( Michael e José Nelson).
Festa de Nossa Senhora Aparecida
O nosso seminário é consagrado a Nossa Senhora Aparecida, e por isso no dia 11 de outubro celebramos uma grande festa, que teve seu início com a oração das laudes e depois uma grande faxina, onde nós seminaristas já entrando no clima de festa e celebração preparamos todo nosso seminário para acolher nossos vizinhos e formadores de pastoral.
Foi um dia muito produtivo, mesclado com trabalho e orações, depois de tudo pronto, ás 18h30 começamos a receber nossos convidados e demos início ao santo terço, e em seguida a procissão com a imagem de Nossa Senhora Aparecida e a Santa Missa, que foi presidida pelo nosso bispo diocesano Dom Luis Antônio Guedes.
Após ao término da Missa houve uma confraternização entre nós seminaristas e formadores, juntamente com nosso bispo e reitor. Foi um dia maravilhoso onde todos nós pudemos celebrar em comunidade a padroeira do Brasil e de nosso seminário.
Foi um dia muito produtivo, mesclado com trabalho e orações, depois de tudo pronto, ás 18h30 começamos a receber nossos convidados e demos início ao santo terço, e em seguida a procissão com a imagem de Nossa Senhora Aparecida e a Santa Missa, que foi presidida pelo nosso bispo diocesano Dom Luis Antônio Guedes.
Após ao término da Missa houve uma confraternização entre nós seminaristas e formadores, juntamente com nosso bispo e reitor. Foi um dia maravilhoso onde todos nós pudemos celebrar em comunidade a padroeira do Brasil e de nosso seminário.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Carta do Papa Bento XVI aos seminaristas
Carta de Bento XVI aos seminaristas
Queridos Seminaristas,
Em Dezembro de 1944, quando fui chamado para o serviço militar, o comandante de companhia perguntou a cada um de nós a profissão que sonhava ter no futuro. Respondi que queria tornar-me sacerdote católico. O subtenente replicou: Nesse caso, convém-lhe procurar outra coisa qualquer; na nova Alemanha, já não há necessidade de padres. Eu sabia que esta «nova Alemanha» estava já no fim e que, depois das enormes devastações causadas por aquela loucura no país, mais do que nunca haveria necessidade de sacerdotes. Hoje, a situação é completamente diversa; porém de vários modos, mesmo em nossos dias, muitos pensam que o sacerdócio católico não seja uma «profissão» do futuro, antes pertenceria já ao passado. Contrariando tais objecções e opiniões, vós, queridos amigos, decidistes-vos a entrar no Seminário, encaminhando-vos assim para o ministério sacerdotal na Igreja Católica. E fizestes bem, porque os homens sempre terão necessidade de Deus – mesmo na época do predomínio da técnica no mundo e da globalização –, do Deus que Se mostrou a nós em Jesus Cristo e nos reúne na Igreja universal, para aprender, com Ele e por meio d’Ele, a verdadeira vida e manter presentes e tornar eficazes os critérios da verdadeira humanidade. Sempre que o homem deixa de ter a noção de Deus, a vida torna-se vazia; tudo é insuficiente. Depois o homem busca refúgio na alienação ou na violência, ameaça esta que recai cada vez mais sobre a própria juventude. Deus vive; criou cada um de nós e, por conseguinte, conhece a todos. É tão grande que tem tempo para as nossas coisas mais insignificantes: «Até os cabelos da vossa cabeça estão contados». Deus vive, e precisa de homens que vivam para Ele e O levem aos outros. Sim, tem sentido tornar-se sacerdote: o mundo tem necessidade de sacerdotes, de pastores hoje, amanhã e sempre enquanto existir.
O Seminário é uma comunidade que caminha para o serviço sacerdotal. Nestas palavras, disse já algo de muito importante: uma pessoa não se torna sacerdote, sozinha. É necessária a «comunidade dos discípulos», o conjunto daqueles que querem servir a Igreja de todos. Com esta carta, quero evidenciar – olhando retrospectivamente também para o meu tempo de Seminário – alguns elementos importantes para o vosso caminho a fazer nestes anos.
1. Quem quer tornar-se sacerdote, deve ser sobretudo um «homem de Deus», como o apresenta São Paulo (1 Tm 6, 11). Para nós, Deus não é uma hipótese remota, não é um desconhecido que se retirou depois do «big-bang». Deus mostrou-Se em Jesus Cristo. No rosto de Jesus Cristo, vemos o rosto de Deus. Nas suas palavras, ouvimos o próprio Deus a falar connosco. Por isso, o elemento mais importante no caminho para o sacerdócio e ao longo de toda a vida sacerdotal é a relação pessoal com Deus em Jesus Cristo. O sacerdote não é o administrador de uma associação qualquer, cujo número de membros se procura manter e aumentar. É o mensageiro de Deus no meio dos homens; quer conduzir a Deus, e assim fazer crescer também a verdadeira comunhão dos homens entre si. Por isso, queridos amigos, é muito importante aprenderdes a viver em permanente contacto com Deus. Quando o Senhor fala de «orar sempre», naturalmente não pede para estarmos continuamente a rezar por palavras, mas para conservarmos sempre o contacto interior com Deus. Exercitar-se neste contacto é o sentido da nossa oração. Por isso, é importante que o dia comece e acabe com a oração; que escutemos Deus na leitura da Sagrada Escritura; que Lhe digamos os nossos desejos e as nossas esperanças, as nossas alegrias e sofrimentos, os nossos erros e o nosso agradecimento por cada coisa bela e boa, e que deste modo sempre O tenhamos diante dos nossos olhos como ponto de referência da nossa vida. Assim tornamo-nos sensíveis aos nossos erros e aprendemos a trabalhar para nos melhorarmos; mas tornamo-nos sensíveis também a tudo o que de belo e bom recebemos habitualmente cada dia, e assim cresce a gratidão. E, com a gratidão, cresce a alegria pelo facto de que Deus está perto de nós e podemos servi-Lo.
2. Para nós, Deus não é só uma palavra. Nos sacramentos, dá-Se pessoalmente a nós, através de elementos corporais. O centro da nossa relação com Deus e da configuração da nossa vida é a Eucaristia; celebrá-la com íntima participação e assim encontrar Cristo em pessoa deve ser o centro de todas as nossas jornadas. Para além do mais, São Cipriano interpretou a súplica do Evangelho «o pão nosso de cada dia nos dai hoje», dizendo que o pão «nosso», que, como cristãos, podemos receber na Igreja, é precisamente Jesus eucarístico. Por conseguinte, na referida súplica do Pai Nosso, pedimos que Ele nos conceda cada dia este pão «nosso»; que o mesmo seja sempre o alimento da nossa vida, que Cristo ressuscitado, que Se nos dá na Eucaristia, plasme verdadeiramente toda a nossa vida com o esplendor do seu amor divino. Para uma recta celebração eucarística, é necessário aprendermos também a conhecer, compreender e amar a liturgia da Igreja na sua forma concreta. Na liturgia, rezamos com os fiéis de todos os séculos; passado, presente e futuro encontram-se num único grande coro de oração. A partir do meu próprio caminho, posso afirmar que é entusiasmante aprender a compreender pouco a pouco como tudo isto foi crescendo, quanta experiência de fé há na estrutura da liturgia da Missa, quantas gerações a formaram rezando.
3. Importante é também o sacramento da Penitência. Ensina a olhar-me do ponto de vista de Deus e obriga-me a ser honesto comigo mesmo; leva-me à humildade. Uma vez o Cura d’Ars disse: Pensais que não tem sentido obter a absolvição hoje, sabendo entretanto que amanhã fareis de novo os mesmos pecados. Mas – assim disse ele – o próprio Deus neste momento esquece os vossos pecados de amanhã, para vos dar a sua graça hoje. Embora tenhamos de lutar continuamente contra os mesmos erros, é importante opor-se ao embrutecimento da alma, à indiferença que se resigna com o facto de sermos feitos assim. Na grata certeza de que Deus me perdoa sempre de novo, é importante continuar a caminhar, sem cair em escrúpulos mas também sem cair na indiferença, que já não me faria lutar pela santidade e o aperfeiçoamento. E, deixando-me perdoar, aprendo também a perdoar aos outros; reconhecendo a minha miséria, também me torno mais tolerante e compreensivo com as fraquezas do próximo.
4. Mantende em vós também a sensibilidade pela piedade popular, que, apesar de diversa em todas as culturas, é sempre também muito semelhante, porque, no fim de contas, o coração do homem é o mesmo. É certo que a piedade popular tende para a irracionalidade e, às vezes, talvez mesmo para a exterioridade. No entanto, excluí-la, é completamente errado. Através dela, a fé entrou no coração dos homens, tornou-se parte dos seus sentimentos, dos seus costumes, do seu sentir e viver comum. Por isso a piedade popular é um grande património da Igreja. A fé fez-se carne e sangue. Seguramente a piedade popular deve ser sempre purificada, referida ao centro, mas merece a nossa estima; de modo plenamente real, ela faz de nós mesmos «Povo de Deus».
5. O tempo no Seminário é também e sobretudo tempo de estudo. A fé cristã possui uma dimensão racional e intelectual, que lhe é essencial. Sem tal dimensão, a fé deixaria de ser ela mesma. Paulo fala de uma «norma da doutrina», à qual fomos entregues no Baptismo (Rm 6, 17). Todos vós conheceis a frase de São Pedro, considerada pelos teólogos medievais como a justificação para uma teologia elaborada racional e cientificamente: «Sempre prontos a responder (…) a todo aquele que vos perguntar "a razão" (logos) da vossa esperança» (1 Ped 3, 15). Adquirir a capacidade para dar tais respostas é uma das principais funções dos anos de Seminário. Tudo o que vos peço insistentemente é isto: Estudai com empenho! Fazei render os anos do estudo! Não vos arrependereis. É certo que muitas vezes as matérias de estudo parecem muito distantes da prática da vida cristã e do serviço pastoral. Mas é completamente errado pôr-se imediatamente e sempre a pergunta pragmática: Poderá isto servir-me no futuro? Terá utilidade prática, pastoral? É que não se trata apenas de aprender as coisas evidentemente úteis, mas de conhecer e compreender a estrutura interna da fé na sua totalidade, de modo que a mesma se torne resposta às questões dos homens, os quais, do ponto de vista exterior, mudam de geração em geração e todavia, no fundo, permanecem os mesmos. Por isso, é importante ultrapassar as questões volúveis do momento para se compreender as questões verdadeiras e próprias e, deste modo, perceber também as respostas como verdadeiras respostas. É importante conhecer a fundo e integralmente a Sagrada Escritura, na sua unidade de Antigo e Novo Testamento: a formação dos textos, a sua peculiaridade literária, a gradual composição dos mesmos até se formar o cânon dos livros sagrados, a unidade dinâmica interior que não se nota à superfície, mas é a única que dá a todos e cada um dos textos o seu pleno significado. É importante conhecer os Padres e os grandes Concílios, onde a Igreja assimilou, reflectindo e acreditando, as afirmações essenciais da Escritura. E poderia continuar assim: aquilo que designamos por dogmática é a compreensão dos diversos conteúdos da fé na sua unidade, mais ainda, na sua derradeira simplicidade, pois cada um dos detalhes, no fim de contas, é apenas explanação da fé no único Deus, que Se manifestou e continua a manifestar-Se a nós. Que é importante conhecer as questões essenciais da teologia moral e da doutrina social católica, não será preciso que vo-lo diga expressamente. Quão importante seja hoje a teologia ecuménica, conhecer as várias comunidade cristãs, é evidente; e o mesmo se diga da necessidade duma orientação fundamental sobre as grandes religiões e, não menos importante, sobre a filosofia: a compreensão daquele indagar e questionar humano ao qual a fé quer dar resposta. Mas aprendei também a compreender e – ouso dizer – a amar o direito canónico na sua necessidade intrínseca e nas formas da sua aplicação prática: uma sociedade sem direito seria uma sociedade desprovida de direitos. O direito é condição do amor. Agora não quero continuar o elenco, mas dizer-vos apenas e uma vez mais: Amai o estudo da teologia e segui-o com diligente sensibilidade para ancorardes a teologia à comunidade viva da Igreja, a qual, com a sua autoridade, não é um pólo oposto à ciência teológica, mas o seu pressuposto. Sem a Igreja que crê, a teologia deixa de ser ela própria e torna-se um conjunto de disciplinas diversas sem unidade interior.
6. Os anos no Seminário devem ser também um tempo de maturação humana. Para o sacerdote, que terá de acompanhar os outros ao longo do caminho da vida e até às portas da morte, é importante que ele mesmo tenha posto em justo equilíbrio coração e intelecto, razão e sentimento, corpo e alma, e que seja humanamente «íntegro». Por isso, a tradição cristã sempre associou às «virtudes teologais» as «virtudes cardeais», derivadas da experiência humana e da filosofia, e também em geral a sã tradição ética da humanidade. Di-lo, de maneira muito clara, Paulo aos Filipenses: «Quanto ao resto, irmãos, tudo o que é verdadeiro, nobre e justo, tudo o que é puro, amável e de boa reputação, tudo o que é virtude e digno de louvor, isto deveis ter no pensamento» (4, 8). Faz parte deste contexto também a integração da sexualidade no conjunto da personalidade. A sexualidade é um dom do Criador, mas também uma função que tem a ver com o desenvolvimento do próprio ser humano. Quando não é integrada na pessoa, a sexualidade torna-se banal e ao mesmo tempo destrutiva. Vemos isto, hoje, em muitos exemplos da nossa sociedade. Recentemente, tivemos de constatar com grande mágoa que sacerdotes desfiguraram o seu ministério, abusando sexualmente de crianças e adolescentes. Em vez de levar as pessoas a uma humanidade madura e servir-lhes de exemplo, com os seus abusos provocaram devastações, pelas quais sentimos profunda pena e desgosto. Por causa de tudo isto, pode ter-se levantado em muitos, e talvez mesmo em vós próprios, esta questão: se é bom fazer-se sacerdote, se o caminho do celibato é sensato como vida humana. Mas o abuso, que há que reprovar profundamente, não pode desacreditar a missão sacerdotal, que permanece grande e pura. Graças a Deus, todos conhecemos sacerdotes convincentes, plasmados pela sua fé, que testemunham que, neste estado e precisamente na vida celibatária, é possível chegar a uma humanidade autêntica, pura e madura. Entretanto o sucedido deve tornar-nos mais vigilantes e solícitos, levando precisamente a interrogarmo-nos cuidadosamente a nós mesmos diante de Deus ao longo do caminho rumo ao sacerdócio, para compreender se este constitui a sua vontade para mim. É função dos padres confessores e dos vossos superiores acompanhar-vos e ajudar-vos neste percurso de discernimento. É um elemento essencial do vosso caminho praticar as virtudes humanas fundamentais, mantendo o olhar fixo em Deus que Se manifestou em Cristo, e deixar-se incessantemente purificar por Ele.
7. Hoje os princípios da vocação sacerdotal são mais variados e distintos do que nos anos passados. Muitas vezes a decisão para o sacerdócio desponta nas experiências de uma profissão secular já assumida. Frequentemente cresce nas comunidades, especialmente nos movimentos, que favorecem um encontro comunitário com Cristo e a sua Igreja, uma experiência espiritual e a alegria no serviço da fé. A decisão amadurece também em encontros muito pessoais com a grandeza e a miséria do ser humano. Deste modo os candidatos ao sacerdócio vivem muitas vezes em continentes espirituais completamente diversos; poderá ser difícil reconhecer os elementos comuns do futuro mandato e do seu itinerário espiritual. Por isso mesmo, o Seminário é importante como comunidade em caminho que está acima das várias formas de espiritualidade. Os movimentos são uma realidade magnífica; sabeis quanto os aprecio e amo como dom do Espírito Santo à Igreja. Mas devem ser avaliados segundo o modo como todos se abrem à realidade católica comum, à vida da única e comum Igreja de Cristo que permanece uma só em toda a sua variedade. O Seminário é o período em que aprendeis um com o outro e um do outro. Na convivência, por vezes talvez difícil, deveis aprender a generosidade e a tolerância não só suportando-vos mutuamente, mas também enriquecendo-vos um ao outro, de modo que cada um possa contribuir com os seus dotes peculiares para o conjunto, enquanto todos servem a mesma Igreja, o mesmo Senhor. Esta escola da tolerância, antes do aceitar-se e compreender-se na unidade do Corpo de Cristo, faz parte dos elementos importantes dos anos de Seminário.
Queridos seminaristas! Com estas linhas, quis mostrar-vos quanto penso em vós precisamente nestes tempos difíceis e quanto estou unido convosco na oração. Rezai também por mim, para que possa desempenhar bem o meu serviço, enquanto o Senhor quiser. Confio o vosso caminho de preparação para o sacerdócio à protecção materna de Maria Santíssima, cuja casa foi escola de bem e de graça. A todos vos abençoe Deus omnipotente Pai, Filho e Espírito Santo.
Vaticano, 18 de Outubro – Festa de São Lucas, Evangelista – do ano 2010.
Vosso no Senhor
BENEDICTUS PP. XVI
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Passeio da casa de formação - Nossa Senhora Aparecida
Tivémos a graça, de ralizar um passeio para a praia de Itanhaém, entre os dias 04,05 e 06 de setembro, onde nós seminaristas pudemos desfrutar das belezas naturais desta praia e também aproveitar para realizar um momento mais intenso de convívio entre nós irmãos.
Os dias se seguiram com uma programação muito boa, a onde nós pudemos nos divertir mas também rezarmos, e com isso tudo realizarmos um grande passeio; infelizmente o tempo não colaborou e por isso tivemos que retornar mais cedo.
A experiência foi ótima e só temos que agradecer a Deus por tudo!
Segue abaixo algumas fotos deste passeio:
Os dias se seguiram com uma programação muito boa, a onde nós pudemos nos divertir mas também rezarmos, e com isso tudo realizarmos um grande passeio; infelizmente o tempo não colaborou e por isso tivemos que retornar mais cedo.
A experiência foi ótima e só temos que agradecer a Deus por tudo!
Segue abaixo algumas fotos deste passeio:
Missa no Propedêutico - Pe. Élcio
Recebemos na última semana o Padre Élcio Barros, pároco da paróquia São Pedro Fourier (forania Campo Limpo). Ele é o formador dos propedeutas Rodrigo Santos e Marcos, além dos seminaristas de filosofia e teologia David e Renato, respectivamente.
Terminada a Santa Missa, jantou conosco e falou entre outras coisas sobre o seus trabalhos pelo país. Para quem não sabe o Padre Élcio é design de interiores, já tendo projetado muitas paróquias, incluse a São Pedro Fourier, onde exerce seu ministério. Insistiu no fato de que as igrejas (os templos) não devem ser espaços litúrgicos somente na hora das missas, mas a todo instante devem ser locais que convidem à oração e a arte sacra pode contribuir muito para isso.
É preciso criatividade para evangelizar, isto em todos os aspectos: no falar, na pintura da igreja, em tudo - claro que à criatividade deve sempre se aliar o bom senso.
Ao Pe. Élcio nosso agradecimento, pela atenção e pelo tempo que a nós se disponibilizou. Saiba que as portas estão sempre abertas! E conte é claro com nossas orações, como também contamos com as suas. Muito Obrigado!
Que o Senhor sempre o fortaleça em seu ministério e te permita crescer cada dia mais na fé e caridade, até que chegue à estatura de Cristo (Ef 4,13). E que o Santo Espírito suscite sempre no seu coração a criatividade para exercer o seu ministério!
da esq. pra dir.: Marcos, Pe. Élcio e Rodrigo
A liturgia do dia nos propunha o Evangelho que fala de Marta e Maria, as duas irmãs que acolhem o Senhor em sua casa, mas que têm diante dEle ações diferentes. O padre ressaltou que é um erro condenar Marta por seus cuidados e preocupações com a casa, e que em momento algum o evangelista ou o próprio Cristo dizem que ela estivesse errada, o texto diz somente que Maria havia escolhido a melhor parte. Na verdade ambas as partes são necessárias e importantes, ouvir o Senhor e trabalhar para ele. Assim, Marta estava certa em querer acolher Jesus da melhor forma e por isso se dedicar a arrumação, o seu erro está, na verdade, em não o fazer com amor sincero. O erro está no fato dela se incomodar com a postura da irmã, apenas nisso.
Da mesma forma nós cristãos, e sobretudo nós seminaristas, devemos avaliar o amor que dedicamos às nossas tarefas. É preciso discernir os momentos em que devemos parar para ouvir o Senhor, para comtemplá-lO, mas também é preciso trabalhar pela contrução do reino, ou como diria São Bento: "Ora et labora" (reza e trabalha!)e sem se incomodar com as opções de nossos irmãos. Cada um terá na vida os seus momentos de Marta e de Maria, e deve vivê-los com total entrega e sem falsas preocupações com o outro.
Neste mesmo dia, tínhamos a memória facultativa de São Benedito, o Negro, que o Padre Élcio fez questão de celebrar por se tratar de um santo dotado de grande humildade e exemplo de servo. São Benedito, que era franciscano eremita, foi por obediência às Santa Igreja viver num mosteiro, lá ele exerceu diversas funções, chegando a ser superior da casa ele retornou depois para o trabalho da cozinha, com humildade e sem "egos feridos".
Terminada a Santa Missa, jantou conosco e falou entre outras coisas sobre o seus trabalhos pelo país. Para quem não sabe o Padre Élcio é design de interiores, já tendo projetado muitas paróquias, incluse a São Pedro Fourier, onde exerce seu ministério. Insistiu no fato de que as igrejas (os templos) não devem ser espaços litúrgicos somente na hora das missas, mas a todo instante devem ser locais que convidem à oração e a arte sacra pode contribuir muito para isso.
É preciso criatividade para evangelizar, isto em todos os aspectos: no falar, na pintura da igreja, em tudo - claro que à criatividade deve sempre se aliar o bom senso.
Ao Pe. Élcio nosso agradecimento, pela atenção e pelo tempo que a nós se disponibilizou. Saiba que as portas estão sempre abertas! E conte é claro com nossas orações, como também contamos com as suas. Muito Obrigado!
Que o Senhor sempre o fortaleça em seu ministério e te permita crescer cada dia mais na fé e caridade, até que chegue à estatura de Cristo (Ef 4,13). E que o Santo Espírito suscite sempre no seu coração a criatividade para exercer o seu ministério!
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Formação bíblica para os Seminaristas da casa Nossa Senhora Aparecida
São Paulo, 01 de outubro de 2010
Tivemos a graça, na abertura do mês missionário, de receber em nossa casa de formação o Pe. Odair, pároco da paróquia Maria Mãe dos caminhantes, Forania Itapecerica da Serra - SP.
O Padre com mestrado na Sagradas Escrituras, veio ao nosso encontro para nos falar a repeito do livro de Jonas, pode então assim demonstrar todo o contexto deste livro maravilhoso; foi uma manhã muito boa onde nós seminaristas pudemos partilhar e aprender muito com este livro.
Logo após ao término da formação, o padre celebrou para nós o santo Sacrifício da Missa, e em sua homilia pode também contar um pouco de sua história vocacional.
Queremos assim agradecer o padre Odair pelo seu sim a Deus, e que o mesmo continue abençoando o seu ministério!
Segue abaixo as fotos desta formação e também da Santa Missa:
Tivemos a graça, na abertura do mês missionário, de receber em nossa casa de formação o Pe. Odair, pároco da paróquia Maria Mãe dos caminhantes, Forania Itapecerica da Serra - SP.
O Padre com mestrado na Sagradas Escrituras, veio ao nosso encontro para nos falar a repeito do livro de Jonas, pode então assim demonstrar todo o contexto deste livro maravilhoso; foi uma manhã muito boa onde nós seminaristas pudemos partilhar e aprender muito com este livro.
Logo após ao término da formação, o padre celebrou para nós o santo Sacrifício da Missa, e em sua homilia pode também contar um pouco de sua história vocacional.
Queremos assim agradecer o padre Odair pelo seu sim a Deus, e que o mesmo continue abençoando o seu ministério!
Segue abaixo as fotos desta formação e também da Santa Missa:
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Aniversários Setembro!
Neste mês, aqui no propedêutico, sopraram as velinhas:
Genei, do Santuário São José Operário, que no dia 09 de setembro completou seus 28 anos;
Genei, do Santuário São José Operário, que no dia 09 de setembro completou seus 28 anos;
Neuza, que trabalha na lavanderia do Seminário São José (de segunda à quarta) e no Propedêutico Sagrada Família (de quinta e sexta);
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