
Como presidente da Comissão para os Ministérios
Ordenados e a Vida Consagrada, participei de dois eventos relacionados às
vocações sacerdotais e à formação pastoral-missionária dos seminaristas.
Confesso que voltei destes eventos ainda mais convencido do seguinte: a
necessidade e a importância dos estágios pastoral-missionários de seminaristas
no período das férias escolares. Esta proposta foi transformada em Projeto das
duas Comissões, a dos Ministérios Ordenados e a da Missão e colocada no Plano
Quadrienal da CNBB (2012-2015). Queremos, com isto: conhecer, aprofundar,
apoiar e incentivar estas experiências missionárias de férias; fazer um
levantamento das mais significativas e socializá-las; incentivar as dioceses que
ainda não se abriram para este tipo de experiência; contribuir com o
aprofundamento, a reflexão e a sistematização dessas experiências, a fim
torná-las mais refletidas e tematizadas; perceber qual é a pedagogia empregada
nestas experiências (DFPIB 303). No fundo, no fundo, gostaríamos que os nossos
Seminários fossem espaços educativos para formar missionários seminaristas e
depois missionários presbíteros - no dizer das Diretrizes (DFPIB 182) - e não
somente de seminaristas e presbíteros missionários.
Infelizmente o tempo do Seminário é pensado com
base na dimensão intelectual, como uma escola ou uma academia: começa quando
vão começar as aulas e termina quando terminam as aulas. Não é este o
pensamento das atuais Diretrizes da Formação dos Presbíteros. Ao contrário,
elas denominam a formação pastoral-missionária de “princípio unificador de todo
o processo formativo” (DFPIB, 300). A formação, no entanto, nunca entra de
férias, a espiritualidade não tira férias. Todo tempo, espaço e evento são
formativos e não apenas no período acadêmico.
Comumente também as férias durante o processo
formativo são mal-entendidas. Somente deputados, senadores, magistrados e
outras categorias, tem os privilégios de gozarem tantos meses de férias como
acontece com os seminaristas. As outras classes trabalhadoras não são
contempladas com esta mordomia. Na Igreja não poderia ser diferente. Férias
comumente são associadas a não fazer nada, a descansar, a passear. Este
conceito corrente precisa passar por um corretivo. Férias devem ser entendidas
como tempo de formação, de fazer aquilo que durante o período de estudo normal
não pode ser feito. Férias são tempos de estágios e de experiências
missionárias, programadas e acompanhadas, pedagogicamente.
A Igreja está nos pedindo audácia e ousadia,
pedagogia e metodologia evangelizadoras e missionárias para enfrentar os novos
e grandes areópagos. Para tanto, ela precisa de padre evangelizador e
missionário. No final do processo formativo de um seminarista, para além do
trocadilho, temos que optar ou por seminarista missionário ou por missionário
seminarista.
Esperamos que a passagem da Cruz Peregrina, que a
CF-2013 e por fim, a Jornada Mundial da Juventude, se transformem em tempos e
espaços para a o cultivo, a animação e a oração por todas as vocações, sem
esquecer naturalmente das vocações ao sacerdócio ministerial.
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