O Seminário em Missão
De 3 a 9 de julho, nós, seminaristas da Diocese de Campo Limpo realizamos uma missão evangelizadora na Paróquia Santa Paulina, localizada no município de Embu das Artes. Esta missão contou com a participação de 27 seminaristas da diocese.
A matriz da Paróquia Santa Paulina foi o local onde nos reunimos no dia 3, - domingo, dia de São Pedro e São Paulo – para dar início às atividades da semana de missão evangelizadora. O pároco padre Alessandro Masoletto presidiu a Santa Missa, concelebrada pelos reitores padre Juarês Martins e padre Lidionor Sampaio , além do padre Douglas Wallas, vigário da paróquia Santa Terezinha de Embu-Guaçu que se dispôs a participar da semana missionária. Espiritualmente fortalecidos pela Eucaristia, ao final da Missa fomos acolhidos pelas famílias que se ofereceram para hospedar os seminaristas ao longo da semana.
Todos os dias nossas atividades começavam com a oração da manhã; em seguida saíamos pelas ruas, casa por casa, visitando as famílias e comércios situados na comunidade que estávamos naquele dia. Ao meio dia, o almoço: além de refazer nossas energias, também foi momento de compartilhar as experiências vividas durante as visitas. Ao longo da tarde mais visitas e mais experiências que podíamos oferecer na Missa todos os dias, esta celebrada no início da noite com a participação da comunidade e de muitas pessoas que haviam sido visitadas durante o dia. Padre Juarês aguardava na igreja pessoas que necessitavam de algum atendimento ou eventualmente visitava algum enfermo. Após a Missa retornávamos às famílias que nos hospedavam e também com elas partilhamos as nossas experiências.
Localizada no bairro Itatuba, a comunidade Matriz, Santa Paulina, foi a primeira onde realizamos a missão evangelizadora. E lá os seminaristas puderam ter, logo na parte da manhã, uma mostra das dificuldades que encontrariam pela frente e que são próprias da missão, quer onde ela aconteça: pessoas que não atendem apesar de estarem em casa, outras que recebem mal, mesmo sendo católicos. Além disso, encontramos muitos católicos afastados, que há anos não freqüentam a Igreja por falta de interesse.
Terça-feira nosso destino foi a comunidade Sagrado Coração de Jesus, no bairro Ressaca, onde nos deparamos com uma situação interessante e animadora. Muitos de nós, ao batermos nas casas, nos deparávamos com pessoas que aguardavam a nossa visita ansiosamente. Não era à toa: boa parte dessas pessoas freqüentam assiduamente esta comunidade, marcada justamente pela boa participação dos moradores da região. Encontramos ainda muitas famílias recém chegadas ao bairro e que mostraram interesse em participar da paróquia.
Diferente dos dias anteriores, quarta-feira nos dividimos em dois grupos. Um grupo foi para a comunidade Santa Rita, enquanto a outra parte se dirigiu à comunidade São Pedro. Ambas as comunidades estão em regiões com características rurais, com sítios e chácaras. Portanto a distância entre as casas é bem maior do que nas comunidades anteriores. Ao lado das chácaras e sítios de pessoas abastadas, encontramos pessoas simples desprovidas de bens que hoje são comuns nos centros urbanos: telefone fixo, televisão e transporte público. Para chegar ao ponto de ônibus mais próximo é preciso andar 3,5 quilômetros, segundo relato de uma moradora. Alguns jovens dali têm encontrado apenas nas drogas alguma “distração”.
Na quinta-feira nossa missão avançou para a comunidade Sagrada Família, no convento das Irmãs Franciscanas de Bonlanden. Esta região é caracterizada pelo cultivo de flores e plantas em propriedades de grande área. Isto significou percorrer longas distâncias para encontrar poucas pessoas, muitas delas nada dispostas a ouvir a Palavra de Deus. Há a presença forte de japoneses, a ponto de haver uma missa em japonês, uma vez ao mês, na comunidade. Esta região está bem servida: além da comunidade Sagrada Família, os moradores contam com a presença da Cela São José - Mosteiro São Geraldo - e da comunidade Santa Isabel, pertencente à paróquia vizinha.
Sexta-feira foi a vez da sexta e última comunidade da paróquia, a Nossa Senhora de Fátima, localizada no Caputera. Logo de início ficamos surpresos pela recepção da comunidade; pessoas engajadas que se colocaram a nos ajudar nas visitas, indicando as ruas, tornando a missão mais eficiente. Nesta região pudemos visitar muitas casas e famílias. Por muitos seminaristas esta foi considerada uma das comunidades em que a missão mais deu frutos.
O sábado foi marcado por muitas atividades. Conhecemos a Casa de Acolhida Santa Paulina, administrada pela Cáritas. Lá são recebidos jovens menores de 18 anos em situação de vulnerabilidade social, encaminhados pelo Conselho Tutelar de Embu. Em seguida houve uma reunião de avaliação, onde relatamos ao padre Alessandro as impressões, alegrias, dificuldades e desafios que encontramos na paróquia ao longo da semana. Ao final do dia, por fim, Dom Luiz Antônio Guedes presidiu a Missa em ação de graças pela missão realizada na paróquia. A paróquia estava em festa: era dia de Santa Paulina e momento de agradecer a Deus pelas sementes da Palavra de Deus que foram lançadas em cada lar e em cada coração que recebeu a visita missionária nesta semana. E, evidentemente, pedir que Deus, a seu tempo faça tais sementes germinarem e darem frutos.
Pudemos perceber mais diretamente a gravidade dos desafios que nós, enquanto Igreja, temos pela frente. A missão, mesmo aos mais próximos, se faz cada vez mais necessária. Quanta surpresa causamos em muitos que jamais imaginavam receber a visita de católicos. Houve quem perguntasse se não éramos de alguma igreja evangélica ou se estávamos pedindo dinheiro. Há também as surpresas boas: muito me impressionou o ar de contentamento em que uma senhora exclamou ao final da visita a sua casa: “Estou muito contente, pois hoje a Igreja visitou a minha casa!”.
Ao final desta missão, nós seminaristas concordamos que mais do que oferecer algo às pessoas, nós saímos beneficiados desta missão pela valorosa experiência que enriqueceu nossa formação. Estamos imensamente agradecidos pela acolhida proporcionada pela paróquia Santa Paulina em todas as suas comunidades, a cada uma das famílias que nos hospedou e também ao padre Alessandro Masoletto. Que Deus abençoe a todos.
Sem. Rodrigo Antonio da Silva